O Partido dos Trabalhadores (PT) está prestes a lançar uma nova edição de um curso direcionado a religiosos, especificamente ao público evangélico. A iniciativa, que será conduzida pela Fundação Perseu Abramo, é uma estratégia para se aproximar de um segmento que, historicamente, demonstrou elevada rejeição ao partido. O objetivo central é capacitar os políticos da legenda para que possam dialogar de forma eficaz com os fiéis, além de desenvolver um discurso que, segundo a visão do partido, ajude a alterar o cenário negativo observado nas eleições anteriores.
Denominado “Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas”, este curso destina-se exclusivamente a membros do PT que já são evangélicos, diferenciando-se de edições anteriores. As aulas ocorrerão entre 21 de maio e 14 de junho, abordando quatro temas principais: fé e justiça; diálogo entre igrejas; combate à desinformação; e políticas públicas e transformação social.
No que diz respeito ao último tópico, a intenção é demonstrar como as ações do partido podem alinhar-se aos ensinamentos evangélicos, conforme indicado pelo teólogo Oliver Goiano, integrante da Coordenação Nacional dos Evangélicos do PT. Goiano afirma que essa iniciativa busca recuperar um dos pilares fundadores do PT, que inclui, além da luta sindical e do movimento estudantil, a relação com as igrejas e a promoção de ações humanitárias.
A deputada federal Benedita da Silva, figura proeminente na articulação do partido junto aos evangélicos, já está confirmada como uma das participantes do curso. A organização das aulas está a cargo do grupo de trabalho inter-religioso da Fundação Perseu Abramo, que é liderado por Paulo Okamotto.
Este não é o primeiro esforço da fundação em promover cursos voltados ao eleitorado religioso. Em outubro do ano anterior, uma edição foi focada no tema “O Cuidado com a nossa Casa Comum”, incluindo cinco compromissos online e um encontro presencial em Aparecida do Norte (SP) para uma romaria. Iniciativas semelhantes foram realizadas para preparar candidatos do partido para as eleições de 2024 e continuaram nos meses seguintes. Esses cursos são frequentemente liderados por uma ala religiosa do PT, que reconhece a ainda existente dificuldade de conexão entre os filiados e o público evangélico em questões relevantes para esse grupo. A promoção de iniciativas voltadas aos evangélicos, antes um tabu nas discussões internas do partido, tem se tornado mais aceita, visando enfrentar a resistência de setores da direita em relação aos fiéis.