Um forte temporal afetou a cidade de São Paulo na terça-feira, 18 de fevereiro, resultando em mais de 3.300 descargas elétricas. Os dados foram coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A tempestade provocou uma fatalidade, com uma pessoa óbtendo a morte e outra ainda desaparecida. Ao todo, foram registrados 3.368 raios durante a ocorrência de chuvas que afetaram a capital ao longo da tarde e da noite, o que levou à classificação da tempestade como severa. Essa classificação é atribuída a eventos que apresentam alta frequência de descargas elétricas e/ou rajadas intensas de vento. Em comparação, uma tempestade comum gera em média 100 raios, enquanto as severas podem chegar a mil ao longo de sua duração.
Nesse contexto, os registros de raios em São Paulo nos primeiros 18 dias de fevereiro já estão próximos ao total contabilizado para o mês de janeiro, que foi de 13.287 descargas elétricas, em comparação com 9.988 para fevereiro até o momento.
Um estudo recente divulgado pelo Inpe indica que tanto São Paulo quanto Rio de Janeiro devem antecipar um aumento de 20% a 30% na frequência de tempestades severas entre 2025 e 2034. As tempestades severas resultam em prejuízos significativos, estimados em cerca de R$ 1 bilhão anualmente, afetando principalmente os setores elétrico, de telecomunicações e industrial. De acordo com Osmar Pinto Jr., do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, o aumento na frequência de tempestades severas está diretamente associado ao aquecimento global. O fenômeno das ondas de calor que tem afetado a região Sudeste do Brasil também tem um papel ativo na intensificação dessas tempestades, que têm sido particularmente severas em várias localidades do estado.
Estatísticas indicam que o Brasil registra uma média de 100 mortes provocadas por raios anualmente nas últimas duas décadas. As cidades de São Paulo e Manaus ocupam os primeiros lugares nesse triste ranking. São Paulo, devido a sua alta densidade populacional, e Manaus, em função da significativa quantidade de atividades ao ar livre. Osmar Pinto Jr. observa que, em São Paulo, muitos acidentes com raios ocorrem em praças e pontos de ônibus, onde as chances de incidência são elevadas. Em contraste, estar dentro de um veículo ou em residência é considerado seguro. Além disso, é aconselhado que durante tempestades, as pessoas evitem o uso de dispositivos eletrônicos ou de telefone conectados à rede elétrica para garantir a segurança.