O início de 2025 tem sido agitado no cenário global, e as primeiras passarelas internacionais de moda do ano refletiram temas de proteção, resiliência e conforto. Os últimos desfiles masculinos realizados em Milão para a coleção Outono-Inverno 2025 deixaram de lado a habitual atmosfera de festividade. O foco foi em duas frentes: a combinação do estilo atemporal com tecidos clássicos, como pele de carneiro, couro e denim, além de roupas externas de alto desempenho que utilizam inovações tecnológicas.
Os esmaltes brilhantes estão em alta neste ano, enquanto os olhares se voltam para a posse de Trump e os estilos de seus convidados. Além disso, a astrologia e a moda se entrelaçam, mostrando como cada signo expressa sua personalidade na vestimenta. Miuccia Prada, a designer-chefe da famosa marca, comentou sobre a tendência conservadora do mundo, afirmando que, embora os designers sejam chamados a serem revolucionários, não estamos vivendo uma época de celebração. Ela descreveu sua coleção como uma reação às circunstâncias contemporâneas.
Na apresentação da Prada, casacos e jaquetas com acabamentos em pele sintética foram a tônica, destacando uma coleção que girou em torno de botas de caubói duráveis. A grife italiana apostou em peças clássicas e elegantes, como suéteres de malha grossa e ternos de couro com patchwork. Prada, junto a Raf Simons, chamou a atenção para o uso expressivo do shearling, material que revestiu capuzes e casacos longos, enquanto adornos como amuletos foram adicionados a tricôs desfiados, trazendo um toque de proteção.
Simon Holloway, diretor criativo da Dunhill, apresentou sua terceira coleção para a marca britânica, enfatizando a ideia de um guarda-roupa de qualidade e atemporal. Ele se inspirou na elegância esportiva dos ternos do Duque de Windsor dos anos 30 envolvendo casacos de estilo “regimental” inspirados na marinha, trazendo à tona o legado da marca através de peças refinadas, como casacos de camurça e cashmere.
A marca Tod’s também trouxe à tona um “estilo sutil e atemporal”, lançando um novo couro ultraleve e transformando seu icônico sapato Gommino em destaque. No desfile da Dolce & Gabbana, os designers mergulharam em sua rica herança italiana, referenciando “La Dolce Vita” de Fellini, onde o personagem principal é um fotógrafo chamado Paparazzo. Para dar vida a essa narrativa, modelos desfilaram com câmeras, vestindo ternos pretos completos e criando uma atmosfera vibrante.
O jeans, uma peça-chave no guarda-roupa masculino, foi amplamente explorado nesta temporada. Designers como Massimo Giorgetti e Dolce & Gabbana investiram na tendência do denim. Até marcas conhecidas por alfaiataria, como Brunello Cuccinelli, se aventuraram no uso do material em propostas mais ousadas. Esse retorno às raízes do vestuário masculino se espalhou por diversas coleções, destacando o denim em saídas modernas e sofisticadas.
A inovação também se fez presente nas roupas externas de alto desempenho, com estilistas como Saul Nash apresentando parkas envolventes e materiais funcionais. A Stone Island criou uma coleção inspirada em “Blade Runner”, com uma gabardine feita de materiais reciclados, transformando-a em um anorak resistente. De forma semelhante, a Brioni introduziu blazers híbridos com coletes destacáveis, demonstrando a busca por versatilidade e funcionalidade.
Na coleção de Ludovico Bruno, o desfile intitulado “A Inteligência dos Outros” destacou a resiliência humana, com peças oversized e acolchoadas, pensadas para proteção. No desfile de Giorgio Armani, a proposta de roupas de alto desempenho foi enriquecida com elementos de aventura, enquanto os modelos desfilavam incorporando acessórios de outdoor.
Com o tema da resiliência, designers como Armani transmitiram mensagens de união e esperança para o novo ano, destacando sinais positivos no mundo. Um momento particularmente simbólico ocorreu durante o desfile da JordanLuca, onde os co-designers se casaram na passarela, ressaltando a importância do amor e da solidariedade em tempos desafiadores.