O militante Thiago Ávila chegou ao Brasil após ser detido por Israel como um dos 12 integrantes da Coalizão Flotilha Liberdade, que foi interceptada enquanto se dirigia à Faixa de Gaza. A embarcação tinha como objetivo realizar uma ação humanitária, oferecendo ajuda aos palestinos. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, foi recebido por um grupo de apoiadores, que exibiam mensagens de suporte e bandeiras, produzindo um ambiente de acolhimento.
Durante sua estadia em uma cela solitária, onde ficou por dois dias, Ávila usou o uniforme fornecido pelas autoridades. Ele descreveu a representação diplomática como “extremamente solícita” e destacou que, como forma de protesto, realizou uma greve de fome. A cela que ocupou era antiga, embora ele soubesse que tinha apenas cerca de 80 anos. O ativista também comentou que a ação contra os tripulantes da flotilha foi moderada em parte devido à presença da eurodeputada Rima Hassan.
Ávila foi indagado sobre possíveis agressões sofridas durante a detenção e destacou que, embora tenha vivenciado violações de direitos, essas experiências foram “uma fração” em comparação com o que os palestinos enfrentam diariamente. Ele apontou que Israel promoveu uma “manobra publicitária” ao tentar passar a impressão de que os ativistas estavam sendo bem tratados, enquanto na realidade foram obrigados a assinar documentos reconhecendo a entrada ilegal no país.
O militante afirmou que não assinou nenhum documento e foi banido de Israel por um século. Em relação à política brasileira, argumentou que o governo deveria considerar romper relações com Israel, enfatizando que esse ato poderia reforçar a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele expressou a urgência de um distanciamento do Brasil em relação ao que chamou de “ideologia odiosa”.
Ávila declarou que as forças israelenses dependem apenas de suas armas e do ódio. Após sua chegada, ele se reuniu com a esposa e a filha de sete meses. Quanto à cobertura midiática do conflito, observou que os jornalistas muitas vezes enfrentam desafios em contar a verdade devido a pressões superiores nas redações.
Ele fez uma distinção entre antissemitismo e antissionismo, ressaltando que há judeus ao redor do mundo que apoiam a causa palestina e se opõem à violência promovida por Israel. Ávila lembrou que povos da região já coexistiram pacificamente, atribuindo a destruição desse ideal ao imperialismo britânico e ao sionismo. Por último, ele conclamou uma união contra o que considera ser “o inimigo número 1”, referindo-se ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e enfatizou a importância de solidariedade e persistência na luta.