O TikTok decidiu remover um filtro polêmico que permitia aos usuários modificar fotos para que aparentassem ter um corpo mais cheinho. O funcionamento do filtro, chamado de “chubby filter”, segue uma lógica semelhante em todos os vídeos: ele começa com uma imagem original do usuário, usualmente esbelto, e então transforma a aparência à medida que o filtro é aplicado, enquanto a música “Anxiety”, da artista Doechii, toca ao fundo.
Com o aumento do número de vídeos utilizando esta função, cresceu a reação negativa entre os usuários, que demonstravam preocupação com a mensagem implícita de vergonha corporal que o filtro transmitia. A repercussão levou a comentários significativos, como o de um usuário que afirmou que a tendência tinha um “código de garota malvada” e recebeu ampla aprovação por parte da comunidade online. Uma criadora de conteúdo TikTok, Sadie Bass, expressou seus sentimentos em relação ao filtro, destacando a dificuldade de usuários que tentam se relacionar com a plataforma enquanto se deparam com a representação distorcida de corpos semelhantes aos seus, associada a comentários depreciativos.
Especialistas em saúde e bem-estar também se manifestaram contra o filtro, argumentando que ele promove padrões de beleza prejudiciais e alimenta a vergonha corporal. Organizações de mídia, como a CNN, solicitaram posicionamentos ao TikTok. Em resposta, a empresa informou que o filtro foi removido da plataforma e que estava avaliando vídeos que o utilizavam, tornando-os inelegíveis para recomendação e restringindo o acesso a contas de adolescentes. Além disso, o TikTok esclareceu que a responsabilidade pelo filtro recai sobre a empresa CapCut, que opera sob a mesma controladora, a ByteDance, mas é uma entidade distinta.
Na manhã do dia 24, uma pesquisa pelo termo “chubby filter” no aplicativo móvel não retornou resultados, enquanto a versão para desktop ainda exibia algum conteúdo relacionado. A plataforma oferece uma ampla variedade de filtros, muitos dos quais são considerados inócuos, como aqueles que adicionam características lúdicas aos rostos. Entretanto, existem outros filtros que têm sido alvo de críticas severas, pois podem prejudicar a autoestima dos usuários. Um deles promove a suavização de rugas, insinuando um retorno à juventude, mas pode, inadvertidamente, reforçar estereótipos de beleza relacionados à idade. O filtro em questão contribui ainda mais para a já estabelecida associação entre magreza e beleza.
Uma criadora de conteúdo, que publica sob o nome de SaffsStuff, fez uma crítica contundente ao filtro em um vídeo que acumulou mais de 100 mil visualizações, afirmando que ele não é divertido nem leve, mas sim parte de um problema maior relacionado à cultura da dieta e à aceitação de padrões de beleza insustentáveis nas redes sociais. Pesquisas anteriores indicaram que o uso de filtros em mídias sociais está associado a uma maior aceitação de procedimentos estéticos, e um estudo de 2021 da Harvard Business Review revelou que indivíduos que já possuem uma autoestima elevada podem ficar ainda mais afetados por “melhorias” em suas aparências do que aqueles que estão inseguros em relação à sua imagem.
Em novembro do ano anterior, o TikTok anunciou que usuários com idade abaixo de 18 anos não teriam mais acesso a filtros de beleza, após um relatório que analisou o impacto desses efeitos sobre os jovens. O TikTok continua sendo a rede social mais popular entre crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos.
