Após seis meses de testes discretos em sua entrada no mercado de seguros para dispositivos móveis, a EXA decidiu intensificar sua atuação em um setor já dominado por grandes empresas como Zurich e Porto Seguro. Diante do aumento nos roubos de celulares e nas fraudes online, a empresa aposta em uma abordagem tecnológica, desenvolvendo uma vertical de seguros que combina inteligência artificial, tecnologia avançada e cibersegurança.
O mercado potencial para esse tipo de seguro é vasto, com estimativas superiores a R$ 2,5 bilhões para meados de 2024. De acordo com a Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), menos de 5% dos 265 milhões de celulares ativos no Brasil possuem seguro. Em contrapartida, 30% dos veículos no país são segurados, conforme dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Uma das principais razões para a baixa penetração do seguro para celulares é o alto custo associado; os prêmios podem chegar a 20% do valor do dispositivo. Para seguros de iPhones, os preços começam em R$ 30 mensais, enquanto para aparelhos Samsung, em torno de R$ 20. A EXA pretende se diferenciar, oferecendo planos a partir de R$ 7,90 por mês.
Além do seguro convencional, a EXA, que faz parte do grupo de cibersegurança FS Security, introduz produtos que vão além da proteção tradicional. Suas ofertas incluem ferramentas para proteger informações sensíveis contra acessos não autorizados e funcionalidades que inibem o uso de dispositivos após furto. Os softwares da empresa possuem capacidade para acessar camadas profundas dos dispositivos, viabilizando bloqueios. A empresa também busca combater fraudes em transações feitas pelo celular segurado, como pagamentos via aproximação ou Pix.
A EXA utiliza inteligência artificial em toda a jornada do cliente, desde a segmentação de campanhas até a automação na análise de sinistros, possibilitando a personalização dos produtos oferecidos. Após seis meses de operação na vertical de seguros, a EXA já conta com 3 milhões de usuários. Esse crescimento é impulsionado por uma rede de parceiros que disponibilizam seus produtos, destacando-se a TIM, que possui cerca de 25% da EXA e pode aumentar sua participação para 35%.
Além da TIM, a EXA conta com mais de 100 parceiros associados em setores como varejo, seguros, telecomunicações e serviços de assistência. A partir do final de junho, a empresa planeja lançar um seguro específico para celulares usados, um segmento ainda pouco explorado. A estratégia envolverá um modelo de Limite Máximo de Indenização fixo, uma vez que a precificação de seguros para dispositivos usados é desafiadora, mas viável por meio da tecnologia da EXA.
A empresa também tem planos de diversificar seus produtos ainda neste ano, incluindo um seguro cibernético para pessoas físicas e pequenas empresas, cobrindo perda de dados, sequestro de informações e comprometimento de redes sociais. Apesar de esse tipo de proteção ser comum em grandes corporações, a EXA busca torná-la acessível ao consumidor comum, utilizando automação e inteligência artificial.
Outro produto em desenvolvimento é um seguro viagem digital, que será integrado ao comportamento do usuário, oferecendo proteção no momento em que mais se faz necessária, como durante a detecção de roaming internacional. A proposta é otimizar a experiência de contratação, tornando-a mais inteligente e personalizada.
A FS Security, que registrou um faturamento de R$ 1,4 bilhão em 2024, captou R$ 160 milhões no ano anterior através de títulos de dívida, recursos destinados ao desenvolvimento de novas ferramentas e à ampliação do portfólio da EXA. A empresa está focada em soluções proprietárias e na ampliação de sua participação de mercado, oferecendo produtos que atendam de forma mais relevante ao consumidor brasileiro.
Além das iniciativas em cibersegurança, a FS Security anunciou um plano para construir três data centers, com um investimento total estimado em R$ 1,8 bilhão, que será realizado ao longo de três anos. O primeiro data center será localizado no Ceará.