Há duas décadas não ocorre uma cerimônia fúnebre expressiva para um papa no Vaticano, sendo que o funeral de Bento XVI teve menor relevância por ter renunciado uma década anteriormente. A magnitude do evento atraiu a atenção global, e diversas figuras de proeminência internacional confirmaram presença, incluindo Donald Trump, Javier Milei, Lula da Silva, Volodymyr Zelensky, Emmanuel Macron, Keir Starmer, os monarcas europeus e possivelmente o príncipe William, somando cerca de 200 delegações.
O último grande funeral realizado no Vaticano foi o de João Paulo II, uma figura de imensa popularidade e importância, fundamental para a resistência ao comunismo na Polônia, o que acelerou o colapso do regime comunista em diversas partes do mundo, marcando um dos eventos mais significativos do século XX. A relevância deste funeral supera em termos de impacto e simbolismo a de Bento XVI.
A relação entre Javier Milei e o papa é marcada por polêmicas, uma vez que Milei frequentemente se referiu ao papa de maneiras desrespeitosas, o que gerou um distanciamento. Contudo, posteriormente, o papa demonstrou disposição para o diálogo ao receber Milei no Vaticano, assim como manteve saudações com Cristina Kirchner, apesar da história conturbada entre eles.
A política e suas dinâmicas influenciam as interações, e o papa, independente de quem seja, desempenha um papel nesse contexto. Ocorrem equívocos na comunicação, como evidenciado pela primeira visita do casal Trump ao Vaticano, onde um mal-entendido gerou confusão na tradução de um prato esloveno.
O papa, em suas interações, busca descontraí-las mesmo após momentos de tensão política. Entretanto, suas declarações sobre a fé e crença cristã às vezes provocam polêmicas, especialmente em relação a temas como imigração. O estilo comunicativo de Francisco reflete a habilidade argentina de lidar com situações desafiadoras e tensões políticas.
Durante seu encontro com Milei, o presidente argentino destacou as diferenças que se tornaram menos relevantes, elogiando a bondade e sabedoria do papa. A declaração oficial do governo argentino procurou ressaltar a defesa da vida desde a concepção, um tema central para Francisco.
Em um contexto mais polêmico, o papa classificou o aborto como um crime, respondendo a uma pergunta de forma direta e enfática, comparando-o a ações criminosas. Essa visão muitas vezes é ofuscada por aqueles que preferem enfatizar o lado progressista do papa. A complexidade do seu pensamento não se limita a rótulos simplistas.
Embora haja expectativas sobre como será lembrado após seu falecimento, a comparação com os louvores de João Paulo II é incerta, dado que Francisco, apesar de um fim difícil, não se encaixa na definição de mártir. Assim, após sua partida, a atenção se voltará para o conclave e a escolha do próximo papa, reforçando a ideia de que muitos que entram na Capela Sistina como papas podem sair apenas como cardeais.
