25 fevereiro 2025
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Três Anos de Conflito: Uma Análise Profunda e Impactante

A invasão da Ucrânia pela Rússia atinge hoje um novo marco, enquanto em Kiev, Moscou e Washington, líderes globais tentam evitar que o conflito complete seu quarto aniversário. A Guerra na Ucrânia é uma das guerras civis e regionais pós-Guerra Fria que mais impactaram o realinhamento geopolítico global. A agressão direta de um dos exércitos mais poderosos do mundo alterou a vida de milhões de pessoas, tanto direta quanto indiretamente. No último ano de conflito, as mudanças na configuração territorial do Leste Europeu foram mínimas. Apesar de alguns avanços russos em Zaporizhia e Donetsk, a fração de território ucraniano sob ocupação russa permanece em torno de 21%. Mesmo com o suporte significativo dos Estados Unidos e do Reino Unido no segundo semestre de 2024, as tropas de Kiev não conseguiram causar um impacto relevante sobre as forças de Vladimir Putin.

Enquanto as alterações territoriais foram modestas, o impacto humanitário da guerra é devastador, resultando na perda de milhares de vidas jovens em um conflito armado. Sem dados oficiais confiáveis de ambas as partes sobre o número de mortos, estudos de instituições no Reino Unido indicam que o total de mortes pode se aproximar de 500 mil, somando tanto russos quanto ucranianos. As perdas são especialmente acentuadas na Ucrânia, que também enfrenta um êxodo de quase 15% de sua população para outras nações europeias. A situação econômica de Kiev é alarmante, com uma drástica queda no PIB, perda de regiões industriais essenciais e diminuição de sua produção agrícola. Embora o cenário seja severamente negativo, analistas sugerem que a situação poderia ser ainda pior.

Do ponto de vista russo, os objetivos não foram alcançados conforme o plano de Putin, Lavrov ou Shoigu. O governo da Ucrânia se mantém, e o presidente Zelensky, mesmo sob pressão, ainda conta com o apoio considerável da população. As principais cidades ucranianas, como Kiev, Dnipro, Kharkiv e Lviv, continuam sob controle das forças armadas locais, sem jamais terem sido capturadas por tropas russas. O exército russo, considerado poderoso, sofreu perdas significativas, incluindo a destruição de milhares de tanques, veículos blindados e aeronaves, além de contabilizar numerosas baixas entre seus soldados. A Rússia é atualmente a nação mais sancionada do mundo e conseguiu, em um curto espaço de tempo, deteriorar três décadas de relações diplomáticas favoráveis com o Ocidente.

Enquanto os combatentes permanecem em suas posições e civis ainda buscam refúgio durante os ataques aéreos, o novo presidente dos Estados Unidos negocia o futuro da Ucrânia isoladamente. Donald Trump, após proferir ataques pessoais ao presidente Zelensky, busca comprometer o governo de Kiev a conceder bilhões de dólares em recursos minerais como compensação pelos gastos militares dos EUA. A posição de Washington mudou drasticamente, a ponto de os representantes americanos, durante uma votação de resolução nas Nações Unidas, se recusarem a garantir a integridade territorial da Ucrânia e discordarem do uso do termo “invasão”.

O discurso e as ações de Trump em relação ao conflito evoluíram de uma simples simpatia pela Rússia para a legitimação de uma crítica à Ucrânia e seu povo. Hoje, em Washington, o presidente francês Emmanuel Macron fez um apelo para que os Estados Unidos liderem esforços de mediação que não impliquem a rendição total da Ucrânia, enfatizando que ainda há valores em comum entre os EUA e os países europeus, apesar de Trump aparentemente ter se esquecido disso. Zelensky se declarou disposto a renunciar ao cargo para alcançar a paz, se necessário, enquanto os russos deixam claro que desejam a resolução completa do conflito, não apenas um cessar-fogo temporário.

A exaustão de ambos os lados é evidente, com ucranianos e russos cansados de sustentar uma guerra prolongada e com a incerteza sobre quando poderão retornar para suas casas. A paz, que deverá ser arduamente negociada em 2025, representará um dos acontecimentos geopolíticos mais significativos desde o fim da Guerra Fria. Proporcionar à Ucrânia e a seus 40 milhões de habitantes um acordo de paz justo e digno, que não penalize coletivamente toda a nação, é uma responsabilidade que recai sobre a comunidade internacional. Tal ação é crucial para prevenir a repetição de tragédias em outras regiões do mundo, como Armênia, Taiwan, Eritreia, Guiana ou qualquer outro país.

Embora possa parecer difícil acreditar em justiça quando líderes como Putin e Trump determinam o futuro global, é fundamental manter a esperança. Assim como os ucranianos não desistiram após três invernos difíceis, a crença em um futuro melhor deve perseverar.

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