14 abril 2025
HomeNegóciosTrump Ataca Universidades: Impacto Financeiro em Quem Oposição

Trump Ataca Universidades: Impacto Financeiro em Quem Oposição

A tensão global gerada pelo aumento de tarifas, que acompanha a intensificação da guerra comercial e as trocas de acusações entre líderes mundiais, não é a única batalha que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem travado. Ele também se voltou contra instituições educacionais americanas, com as quais já existiam desavenças antes de seu novo mandato na Casa Branca.

Enquanto o conflito no cenário global é prioritariamente econômico, com a necessidade de reindustrialização dos Estados Unidos, a questão envolvendo as universidades é de natureza ideológica. A estratégia utilizada em ambos os casos, no entanto, permanece semelhante: impactar financeiramente os opositores.

O objetivo de Trump é abolir programas voltados para diversidade e inclusão, tendo a convicção de que a sala de aula não é o local apropriado para abordar tópicos relacionados à justiça social e racial. Durante as primárias, ele apoiou a postura de seu vice, JD Vance, que já havia criticado as universidades antes de se tornar senador por Ohio, referindo-se a elas como “inimigas”.

A Universidade de Harvard, uma das mais renomadas do mundo, já sente os efeitos dessas decisões governamentais. Com receita operacional estimada em US$ 6,5 bilhões para o ano fiscal de 2024 e um fundo patrimonial de aproximadamente US$ 53 bilhões, a universidade enfrenta um bloqueio de US$ 9 bilhões, o que impactará pesquisas em andamento e futuras colaborações.

Para amenizar essa situação, a instituição planeja buscar um financiamento de cerca de US$ 750 milhões com investidores de Wall Street. Um porta-voz da universidade afirmou que Harvard está avaliando os recursos necessários para manter suas prioridades acadêmicas e de pesquisa como parte de um planejamento de contingência.

Além de empréstimos de curto prazo, muitas universidades consideram a possibilidade de vender títulos tributáveis, abordagem que também pode ser adotada por Harvard. Um documento da instituição destaca que os efeitos financeiros de quaisquer desenvolvimentos a nível federal podem impactar significativamente suas finanças atuais e futuras, além do desempenho operacional.

Antes do bloqueio de financiamentos, a gestão Trump ordenou que Harvard abandonasse políticas de contratação baseadas em raça ou origem nacional, assim como a supervisão de programas considerados tendenciosos, que fomentariam o antissemitismo.

A preocupação em relação a essas mudanças é ampla nos Estados Unidos, levando até mesmo o ex-presidente Barack Obama a incitar as instituições a se oporem ao que descreveu como “ataques” do governo federal. Análises indicam que há uma narrativa nas universidades americanas sobre a cultura woke, onde se busca espaço para minorias, revelando a presença de racismo estrutural e homofobia, exacerbada pelo avanço do conservadorismo.

Em relação à Universidade de Columbia, o governo americano está planejando impor supervisão federal, com a autorização de um juiz, para forçar a instituição a cumprir diretrizes da Casa Branca. Em março, Trump interrompeu o envio de US$ 400 milhões para Columbia após um protesto em seu campus contra as políticas da administração, levando a universidade a anunciar mudanças internas e a adotar regras mais restritivas para manifestações.

Pesquisadores e especialistas expressam preocupação não apenas pela redução de recursos, que pode comprometer o funcionamento das instituições, mas também pelo risco de um êxodo de cientistas, mesmo considerando uma eventual mudança de gestão. Uma pesquisa da revista Nature com 1,6 mil acadêmicos revela que 75% consideram deixar o país devido à instabilidade gerada pelas políticas da administração Trump, com 79% de estudantes de mestrado ponderando a mesma possibilidade.

Essa situação pode afetar negativamente a capacidade dos Estados Unidos de competir com a China em termos de tecnologia e liderança no mercado global. Recentemente, o bloqueio de verbas públicas para pesquisa nas universidades de Columbia, Princeton, Johns Hopkins e da Pensilvânia totalizou US$ 1,8 bilhão.

Caso Trump tenha recuado temporariamente em medidas agressivas relacionadas a tarifas, não há indícios de que esteja disposto a negociar no que tange às universidades. Ele já manifestou sua determinação em que suas diretrizes ideológicas sejam cada vez mais presentes no ambiente educacional. A intervenção governamental nesse nível reflete diretamente na autonomia das universidades, que nos Estados Unidos é robusta, e há um receio de que esse tipo de atitude possa se proliferar em outras partes do mundo, dependendo da emergência de líderes conservadores que possam replicar tais práticas.

NOTÍCIAS RELACIONADAS
- Publicidade -

NOTÍCIAS MAIS LIDAS

error: Conteúdo protegido !!