Na quinta-feira, 17, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez acusações contra Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sugerindo que suas ações são de natureza política e contrárias ao seu governo. Trump afirmou: “Ele vai deixar (o cargo). Se eu pedir, ele vai deixar. Eu não acho que ele está fazendo um bom trabalho. Sempre muito atrasado. Se eu quiser, ele vai sair. Acredite em mim.” O líder norte-americano vem pressionando a autoridade monetária a reduzir a taxa básica de juros, argumentando que os preços no varejo estão diminuindo e que as tarifas comerciais estão beneficiando a economia do país.
A decisão do Fed de manter a taxa de juros inalterada foi chamada por Trump de uma “completa bagunça”. Essa postura contrasta com a prática tradicional da política monetária dos Estados Unidos, que estabelece um mandato de quatro anos para os presidentes do Banco Central. A estabilidade do cargo é fundamental para permitir que o dirigente tome decisões difíceis sob a perspectiva política, visando preservar o poder de compra da moeda e garantir o pleno emprego.
Trump já demonstrou intenção de demitir funcionários que ocupam cargos com garantias de estabilidade, como evidenciado por sua ação contra dois diretores da Comissão Federal do Comércio, cujo destino foi parar na Suprema Corte. Uma liminar favorável foi concedida por um juiz enquanto se aguarda a decisão final sobre o tema. As ameaças de Trump direcionadas ao presidente do Fed levantam incertezas sobre a seriedade de sua intenção, além de se inserirem em um contexto politicamente delicado. As declarações da Casa Branca acrescentam um novo nível de incerteza em um cenário já caracterizado pela singularidade da política comercial dos Estados Unidos. Essas ações estão afetando a confiança dos investidores em ativos considerados tradicionalmente seguros, como os títulos do Tesouro Americano.
O mandato de Jerome Powell se estende até maio de 2026, e ele já afirmou publicamente que não planeja renunciar, apesar da pressão exercida pela administração atual. Vale destacar que Powell foi nomeado ao cargo por Donald Trump em 2018 e, quatro anos depois, Joe Biden optou por mantê-lo em sua posição. Em resposta às pressões exercidas, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, manifestou apoio a Powell e à independência do Fed, sublinhando a importância da relação sólida entre os banqueiros centrais.