O ex-presidente Donald Trump indicou ceptílias neste domingo (3) que a possibilidade de buscar um terceiro mandato na presidência dos Estados Unidos não está descartada, apesar da proibição constitucional de que um presidente exerça mais de dois mandatos. Trump mencionou que existem “métodos” para viabilizar essa ideia e afirmou que não estava falando a sério. O ex-presidente também comentou que muitas pessoas desejam que ele concorra novamente, mas reforçou que seu foco atual está no presente.
Durante uma conversa por telefone com uma repórter da NBC News, Trump confirmou que estão em discussão estratégias envolvendo o vice-presidente JD Vance, que poderia concorrer em 2028 e depois transferir a candidatura para ele. Em resposta a essa sugestão, o ex-presidente afirmou que essa é apenas uma das opções disponíveis.
A Constituição dos Estados Unidos, através da 22ª Emenda, ratificada em 1951, estabelece que nenhuma pessoa pode ser eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes. Além disso, uma pessoa que tenha exercido a presidência por mais de dois anos de um mandato pelo qual outra pessoa foi eleita não pode ser eleita mais uma vez.
Historicamente, Trump tem feito declarações insinuando a ideia de um terceiro mandato. Em um evento em Nevada, por exemplo, ele comentou que seria a “maior honra da sua vida” servir múltiplos mandatos, o que foi interpretado como uma brincadeira. Contudo, posteriormente, ele reafirmou que pretendia servir por mais dois mandatos. Em uma ocasião, durante uma celebração do Mês da História Negra, ele perguntou a seus apoiadores se deveria se candidatar novamente, resultando em gritos de apoio por “Mais quatro anos!”
Steve Bannon, um dos aliados mais próximos de Trump, colocou em dúvida a interpretação da emenda, sugerindo que ela não proíbe mandatos não consecutivos. Na Câmara dos Representantes, o deputado Andy Ogles, do Tennessee, propôs um projeto de lei que inicia o processo para modificar a 22ª Emenda, abrindo a possibilidade para que um presidente que já tenha cumprido mandatos não consecutivos possa concorrer a um terceiro.
A revogação ou alteração da 22ª Emenda requisitaria o apoio de dois terços tanto na Câmara quanto no Senado, além da ratificação por três quartos dos estados. Desde a década de 1990, nenhuma emenda foi ratificada, apesar de propostas antigas, sendo que a 26ª Emenda foi ratificada na década de 1960, em um contexto de recrutamento ativo durante a Guerra do Vietnã.
Alguns apoiadores de Trump expressaram resistência à ideia de modificar a Constituição. O senador Markwayne Mullin, republicano de Oklahoma, comentou que as observações de Trump eram mais uma piada do que declarações sérias. Ele também afirmou que não apoiaria uma mudança na Constituição sem um desejo claro do povo americano.
Até o término de seu segundo mandato, em janeiro de 2029, Trump terá 82 anos e sete meses, tornando-se a pessoa mais velha a ocupar a presidência, superando o recorde estabelecido por Joe Biden, que deixou o cargo com 82 anos e dois meses. O único presidente até hoje a servir mais de dois mandatos foi Franklin D. Roosevelt, que esteve no cargo de 1933 a 1945 e faleceu pouco após ser eleito para um quarto mandato. A 22ª Emenda foi promulgada em resposta à sua longa permanência na presidência, no contexto seguinte à sua morte.
Na opinião de especialistas, como Michael Waldman, presidente do Brennan Center for Justice, a ideia de Trump de um terceiro mandato é vista como inviável.