O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma acusação ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmando que ele estaria tentando desistir de um acordo que concederia acesso preferencial a Washington sobre depósitos minerais considerados “críticos” no subsolo da Ucrânia. Este acordo faz parte das exigências de Trump por algum tipo de compensação pelos US$ 190 bilhões destinados, segundo ele, ao fortalecimento das forças armadas ucranianas na guerra.
De acordo com declarações de Trump, se Zelensky insistisse em não assinar, enfrentaria graves consequências. A versão mais recente do entendimento sobre minerais proporcionaria aos Estados Unidos acesso ao petróleo, gás e outros recursos minerais da Ucrânia através de um fundo de investimento conjunto que beneficiaria as duas nações.
Zelensky, em uma declaração, ressaltou que não endossaria o acordo caso isso representasse uma ameaça à possibilidade da Ucrânia se juntar à União Europeia, em meio a especulações de que os termos do acordo poderiam infringir normas de soberania econômica da UE.
O projeto em questão estabelece a formação de um Fundo de Investimento de Reconstrução, cuja finalidade seria a captação e reinvestimento de receitas provenientes de recursos ucranianos, englobando minerais e hidrocarbonetos. A Ucrânia destinará 50% das suas receitas para este fundo, após descontar as despesas operacionais, até atingir o montante de US$ 500 bilhões, enquanto os Estados Unidos firmariam um compromisso financeiro voltado ao desenvolvimento de uma Ucrânia estável e próspera do ponto de vista econômico.
A Ucrânia abriga mais de 20 dos 50 minerais considerados críticos pelos Estados Unidos. Um ponto de incerteza para os céticos refere-se à antiquidade dos dados geológicos do país, que se baseiam em mapas da era soviética, dificultando a avaliação do quão acessíveis são as 17 terras raras identificadas no território ucraniano.
A China, que domina a tecnologia de extração, responde por aproximadamente 90% do processamento mundial desses recursos. Elementos como lítio, cobalto e níquel, essenciais para eletrônicos, infraestrutura de energia sustentável e equipamentos militares, também estão no centro da disputa comercial entre os EUA e a China, intensificada após a implementação de uma tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas.
Os minerais críticos presentes no solo ucraniano incluem itérbio e lantânio. O itérbio é utilizado em lasers, reações químicas e baterias, enquanto o lantânio tem aplicações em baterias e na produção de vidros especiais. Além disso, a Ucrânia possui reservas de titânio, lítio, urânio, grafite e manganês, todos componentes essenciais para diversas tecnologias modernas, incluindo veículos elétricos.
Por fim, o Kremlin anunciou o início de discussões com Washington acerca de um acordo semelhante relacionado a terras raras e minerais. A cooperação nesse setor é considerada relevante, conforme declarado por Kirill Dmitriev, dirigente do fundo soberano da Rússia.