A alteração na postura dos Estados Unidos é fundamentada em diversos motivos, sendo o primeiro de natureza geopolítica: o objetivo de estabelecer um novo entendimento com a Rússia para, eventualmente, enfrentar a China.
Atualmente, com a administração de Donald Trump, há um interesse claro em buscar a resolução do conflito entre Rússia e Ucrânia. Uma declaração de Trump, na qual ele se refere ao presidente ucraniano como “ditador”, exemplifica essa intenção. Além disso, o secretário de Defesa dos Estados Unidos indicou que a Ucrânia não será integrada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), reconhecendo a perda definitiva de quatro territórios, incluindo a Crimeia. Essa posição parece alinhar-se com as demandas de Vladimir Putin e reflete uma mudança significativa em comparação com a abordagem adotada durante a administração de Joe Biden.
Os Estados Unidos, apesar de suas diferenças ideológicas com a Rússia, encontraram nessa parceria uma estratégia eficaz durante a Segunda Guerra Mundial, quando uniram forças contra a Alemanha. No contexto do Oriente Médio, a colaboração com a Rússia é considerada essencial para a manutenção da ordem regional.
Outro fator que contribui para a mudança de postura é o aspecto econômico. Os gastos bilionários dos Estados Unidos em relação ao conflito destacam a necessidade de ajustes nas contas públicas, uma das promessas de campanha de Trump. A recuperação fiscal do país depende, em grande parte, de uma redução no orçamento militar.
Adicionalmente, a continuação da guerra não traz benefícios para os Estados Unidos, ucranianos ou para a Europa, tendo em vista o alto custo em vidas e o impacto econômico, como a inflação resultante do aumento dos preços de energia importada da Rússia. Portanto, para evitar mais perdas humanas e financeiras, o reconhecimento da vitória de Putin poderia ser uma solução pragmática. A posição de Trump, nesse contexto, parece estar alinhada com essa lógica.
