O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, têm uma reunião agendada na Casa Branca na quinta-feira (27). Este será o primeiro encontro presencial entre eles desde que Trump assumiu a presidência. Starmer é o segundo líder europeu a se reunir com Trump nesta semana, seguindo a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, que também esteve na Casa Branca recentemente. O encontro de Macron e Trump apresentou divergências em temas como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, além da pressão dos Estados Unidos por um cessar-fogo rápido.
Desde sua posse em 20 de janeiro, Trump tem aproximado os Estados Unidos de Moscou e do presidente russo, Vladimir Putin. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi mencionado por Trump de forma negativa ao ser chamado de “ditador”. Além disso, Trump está exigindo o retorno do apoio financeiro dos EUA para a Ucrânia, algo que tem causado desconforto entre aliados tradicionais na Europa.
Na sexta-feira (28), Zelensky deverá chegar a Washington para assinar um acordo com Trump relacionado a minerais de terras raras. O presidente ucraniano indicou que este acordo estará condicionado a um aumento da assistência dos EUA. Trump caracteriza a negociação como uma maneira de recuperar os recursos financeiros americanos que foram investidos na assistência à Ucrânia, embora o pacto não inclua garantias de segurança específicas para o país.
Starmer, por sua vez, expressou a necessidade de um “backstop” de segurança para as forças europeias que poderão desempenhar um papel na manutenção da paz na Ucrânia. Ele acredita que este respaldo garantiria uma paz duradoura para Kiev em vez de apenas um alívio temporário na violência. Starmer sinalizou que o Reino Unido pretende aumentar seus gastos com defesa, buscando assegurar a Trump que a Europa irá apoiar Kiev em negociações potenciais de paz com a Rússia. Fontes do governo Trump revelaram que a administração está satisfeita com as promessas do primeiro-ministro britânico em relação ao aumento das despesas defensivas.
Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um alerta às “elites ocidentais” sobre a possibilidade de sabotagem de uma reaproximação Rússia-Estados Unidos, afirmando que Moscou utilizará seus diplomatas e serviços de inteligência para neutralizar tais tentativas, fazendo alusão à União Europeia e ao Reino Unido.
A administração Trump tem implementado mudanças significativas nas diretrizes de política externa e interna desde o início de seu segundo mandato. Isso tem causado alvoroço entre os aliados ao defender, por exemplo, a posse da Faixa de Gaza pelos EUA e ao prometer tarifas comerciais, afetando tanto amigos quanto adversários.
As discussões sobre comércio são aguardadas durante o encontro, uma vez que Trump tem reivindicado uma relação comercial mais recíproca com seus parceiros. Um assessor comentou que a administração gostaria que todos os laços econômicos com o Reino Unido fossem fundamentados em um comércio justo e igualitário.
A interação entre Trump e Starmer teve um começo amistoso, com um jantar em Nova York em setembro, onde a cordialidade foi notável. A equipe de Starmer descreveu o ambiente do encontro como caloroso, ressaltando a hospitalidade de Trump, que chegou a oferecer uma refeição adicional ao ministro das Relações Exteriores, David Lammy.
Assim como Macron, Starmer pretende argumentar que um acordo de paz rápido com a Rússia, sem a inclusão da Ucrânia ou de outras nações europeias, pode desencadear uma instabilidade adicional na Europa, o que não beneficiaria os interesses dos Estados Unidos. Ele manifestou abertura para que forças britânicas ofereçam garantias de segurança à Ucrânia, contanto que isso ocorra em conjunto com outras nações europeias e sob condições apropriadas.
A situação na Ucrânia gera preocupação entre os países europeus, uma vez que a continuidade do conflito é considerada alarmante. Um cessar-fogo poderia proporcionar uma sensação de segurança, permitindo que seu papel fosse mais voltado para a manutenção da paz do que para a contenção de conflitos ativos. Um funcionário do governo dos EUA destacou que o tipo de força a ser empregada dependerá do acordo político final que for estabelecido para encerrar a guerra, e isso será parte das discussões entre os líderes durante o encontro.
