O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, determinou a suspensão do envio de auxílio militar à Ucrânia poucos dias após uma discussão acalorada entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Essa pausa na assistência é uma estratégia adotada por Trump para pressionar Zelensky a se engajar em negociações para a resolução do conflito com a Rússia. Relatos da Bloomberg e da Fox News indicam que a interrupção da ajuda perdurará até que Trump perceba um comprometimento claro de Zelensky em alcançar um acordo de paz.
Um oficial do governo Trump comentou que “isto não representa o fim definitivo da ajuda, mas uma pausa”. Na segunda-feira, Trump expressou descontentamento com Zelensky, que havia declarado que a conclusão da guerra estava “muito distante”. Em suas redes sociais, Trump afirmou que essa foi “a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelensky” e que os Estados Unidos não poderiam tolerar tal posição por mais tempo.
Zelensky, por sua vez, manifestou sua disposição em assinar um acordo de minerais com os Estados Unidos, o qual deveria ter sido firmado na semana anterior durante uma reunião com Trump. No entanto, ele enfatizou que a Ucrânia não cederá nenhum de seus territórios à Rússia como condição para um acordo de paz.
No sábado, Zelensky foi questionado sobre o impacto da ajuda dos Estados Unidos, mas expressou a crença de que os EUA, como “líderes do mundo civilizado”, não se sentiriam confortáveis em apoiar o presidente russo, Vladimir Putin. Ele está se mobilizando com líderes europeus a fim de buscar novas alternativas para a resolução do conflito.
Na segunda-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que França e Reino Unido estão propondo uma trégua parcial de um mês entre a Rússia e a Ucrânia, abrangendo ataques aéreos, marítimos e contra infraestrutura de energia, mas excluindo combates terrestres. A proposta, discutida em um encontro entre líderes europeus, ainda necessita de mais esclarecimentos, como o monitoramento de ataques.
Segundo o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, “tivemos três anos de conflito sangrento e agora precisamos buscar a paz duradoura”. Ele também mencionou que “mais um ou dois países” devem se unir ao plano diplomático que será apresentado aos Estados Unidos. Starmer destacou que o presidente Putin “não é confiável” e que “o pior dos cenários seria chegarmos a uma pausa temporária, e então Putin voltar”.
Entretanto, não foram feitas declarações sobre como o plano abordaria a situação nas regiões já ocupadas pela Rússia na fronteira com a Ucrânia, nem sobre a questão da Crimeia, que foi anexada pelos russos em 2014. A entrega ou devolução de territórios ucranianos é considerada um dos principais tópicos nas negociações para o fim do conflito na região.
Desde o início do conflito em fevereiro de 2022, os Estados Unidos desembolsaram aproximadamente 183 bilhões de dólares em apoio à Ucrânia, segundo dados do Pentágono. Outras estimativas, como as feitas pelo think tank alemão Kiel Institute, apontam que esse valor pode ser de cerca de 120 bilhões de dólares, enquanto Trump afirma que mais de 350 bilhões teriam sido gastos com a guerra durante a presidência de Joe Biden.
No mesmo dia, Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, declarou em entrevista que as políticas externas dos EUA sob Trump estão sincronizadas com os objetivos russos. “A nova administração dos EUA está rapidamente transformando suas configurações de política externa, e isso coincide em grande parte com nossa visão”, afirmou Peskov.