A Ucrânia inicia o quarto ano de conflito armado com a Rússia nesta segunda-feira (24), enfrentando incertezas sobre o apoio contínuo dos Estados Unidos, enquanto suas forças se esforçam para manter o controle sobre o território nacional. Recentemente, declarações polarizadoras de Donald Trump chamaram a atenção, nas quais ele qualificou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como um “ditador” sem popularidade, instando-o a buscar um acordo de paz rapidamente para evitar a perda de sua nação. Em resposta, Zelensky ressaltou que o presidente dos EUA se encontra em uma “bolha de desinformação”. Paralelamente, autoridades norte-americanas começaram discussões diretas com representantes russos na Arábia Saudita, em uma mudança notável de estratégia que exclui tanto Kiev quanto a Europa.
As relações entre a Ucrânia e seus aliados estão sob tensão, à medida que os EUA se mostram relutantes em enviar tropas para garantir a segurança do país, em caso de um possível acordo de paz. Essa postura transfere a responsabilidade sobre a assistência militar para as potências europeias, que podem enfrentar grandes desafios sem o suporte dos EUA. Zelensky, que pediu à Europa a formação de um exército próprio enquanto reivindica uma abordagem pragmática de Washington, manteve uma série de conversas com líderes europeus para traçar um novo caminho a seguir. Em suas mensagens, ele reconhece a resistência e o heroísmo do povo ucraniano ao longo dos últimos três anos, expressando orgulho e gratidão.
Desde o início da invasão russa, milhares de ucranianos perderam a vida e mais de seis milhões tornaram-se refugiados. O ataque iniciado por Vladimir Putin constitui o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Estimativas ocidentais apontam para centenas de milhares de mortos e feridos em ambos os lados, enquanto os efeitos do conflito são sentidos em diversas partes do país, com funerais militares se tornando comuns nas cidades e vilarejos. A ansiedade e o medo permeiam a vida cotidiana das pessoas, que são frequentemente alarmadas por sirenes de ataques aéreos.
Recentemente, a força aérea ucraniana informou sobre um ataque russo que utilizou 185 drones durante a noite, embora não tenha resultado em danos significativos. Em resposta, as forças ucranianas relataram um ataque que afetou uma refinaria de petróleo na Rússia, resultando em explosões em sua proximidade. As tropas que defendem o país enfrentam um oponente numericamente superior, enquanto dúvidas sobre o futuro da assistência militar dos EUA permanecem em aberto. As capacidades dos aliados europeus de compensar a falta de apoio norte-americano são incertas.
Um médico-chefe da brigada Spartan da Ucrânia destacou o desgaste psicológico das tropas que estão na linha de frente desde o início do conflito. A pressão sobre os soldados e os profissionais de saúde é intensa e desafiadora, refletindo a dureza da guerra. Pavlo Klimkin, ex-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, enfatizou a importância de Zelensky em manter laços estratégicos com Washington, ao mesmo tempo em que busca fortalecer as relações com a Europa e outros países, como China e Índia. Apesar das tensões, Klimkin acredita que a relação com os EUA não tenha atingido um ponto de crise.
Atualmente, em pauta está um acordo que pode permitir o acesso dos EUA às riquezas minerais da Ucrânia, com Trump buscando um retorno financeiro substancial em troca do apoio dos Estados Unidos. No entanto, Zelensky se opôs a uma proposta inicial do acordo, alegando que não atende aos interesses ucranianos e carece das garantias de segurança necessárias. Embora Trump tenha insinuado que um acordo esteja próximo, muitos detalhes ainda permanecem indefinidos.
Dentro desse contexto, Trump sugeriu à Ucrânia que realizasse uma eleição mesmo em tempos de guerra, o que se alinha à narrativa da Rússia sobre a legitimidade do governo Zelensky. Desde a decretação da lei marcial no início da invasão, não foram realizadas eleições, e o presidente ucraniano manifestou, de forma irônica, sua disposição de renunciar em troca de paz, mencionando a adesão da Ucrânia à OTAN.