A Ucrânia conduziu uma série de ataques aéreos em grande escala utilizando drones contra bases militares localizadas no interior da Rússia, resultando na destruição de vários aviões de combate. Esta informação foi compartilhada por uma fonte do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU) em uma reportagem da CNN.
De acordo com a agência Reuters, autoridades ucranianas informaram que drones equipados com explosivos foram ocultados dentro de contêineres de madeira, transportados em caminhões até as instalações militares. Os contêineres foram modificados para permitir que suas partes superiores fossem levantadas remotamente, facilitando o lançamento dos drones para os ataques.
A operação foi denominada “Teia de Aranha” e, conforme relatado, foi supervisionada diretamente pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Mais de 40 aeronaves foram danificadas, incluindo bombardeiros estratégicos TU-95 e Tu-22M3, além de um dos poucos aviões de vigilância A-50 que ainda restam na frota russa. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou os ataques ucranianos em cinco regiões, qualificados como “terroristas”.
Os aeródromos atacados englobaram a base de Belaya, em Irkutsk, que está a aproximadamente 4.500 quilômetros da fronteira ucraniana, e a base de Dyagilevo, em Ryazan, situada a cerca de 520 quilômetros da Ucrânia, local que serve como centro de treinamento para bombardeiros estratégicos. A base de Olenya, localizada perto de Murmansk, também foi alvo, assim como a base aérea de Ivanovo, empregada principalmente para transporte militar, a mais de 800 quilômetros da Ucrânia.
Simultaneamente, durante a mesma noite, a Ucrânia foi alvo de um número recorde de 472 drones lançados pela Rússia, conforme confirmação de um porta-voz da força aérea ucraniana à AFP, representando a maior incursão desde o começo do conflito em fevereiro de 2022.
Recentemente, o uso de drones com tecnologia guiada por fibra óptica aumentou significativamente nas ofensivas russas. Essa nova geração de drones é capaz de enviar e receber sinais sem a utilização de frequências de rádio, tornando-se resistente aos sistemas de guerra eletrônica desenvolvidos para neutralizar drones convencionais. Especialistas militares ucranianos consideram essa inovação uma ameaça significativa, pois esses drones podem operar em altitudes baixas e, até mesmo, em ambientes urbanos.
Os ataques aéreos ocorreram horas antes de uma nova série de negociações entre representantes russos e ucranianos em Istambul, na Turquia. O encontro, programado para a segunda-feira, segue a declaração do Kremlin sobre a finalização de um memorando de paz que contempla as condições para a conclusão do conflito. No entanto, os termos propostos não coincidem com os interesses ucranianos, cuja prioridade é garantir um cessar-fogo total e incondicional, além do retorno dos prisioneiros e das crianças que, segundo Kiev, teriam sido sequestradas pela Rússia.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que os dois países estão preparando documentos sobre “modalidades de acordo e cessar-fogo”, que serão discutidos e trocados durante as próximas negociações. A última rodada entre ambas as delegações ocorreu em Istambul no início do mês, mas não resultou em um entendimento para um cessar-fogo.