A Ucrânia vai enviar uma delegação a Washington, D.C., com a finalidade de avançar nas negociações relacionadas a um acordo mineral com o governo dos Estados Unidos. A informação foi divulgada pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Svyrydenko. Em sua conta na rede social, Svyrydenko mencionou que “este diálogo reflete os interesses estratégicos de ambas as nações e nosso compromisso compartilhado para construir uma parceria forte e transparente”.
A delegação será composta por representantes dos Ministérios da Economia, Relações Exteriores, Justiça e Finanças, conforme informou Svyrydenko. O objetivo principal da missão é alinhar a seleção de projetos, as estruturas legais e os mecanismos de investimento a longo prazo.
Com a volta de Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro, há uma cobrança para que um tipo de compensação seja discutido referente aos 190 bilhões de dólares (valor que Trump estima em mais de 500 bilhões) que foram destinados ao fortalecimento das forças armadas ucranianas. Segundo o ex-presidente, uma das possibilidades de restituição seria através da formalização de um acordo mineral com a Ucrânia, que possui um subsolo rico em terras raras.
No final de março, Washington apresentou um rascunho de acordo para Kiev, que era consideravelmente mais amplo do que o previamente acordado. As autoridades ucranianas têm manifestado cautela quanto ao documento, que supostamente estabelece que os Estados Unidos exigiriam todos os rendimentos provenientes dos recursos naturais da Ucrânia. Diante dessa pressão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que não aceitará um acordo que comprometa a futura adesão da Ucrânia à União Europeia.
A Ucrânia possui reservas de 22 dos 34 minerais considerados “críticos” pela União Europeia, conforme dados locais. Entre esses minerais estão o itérbio e o lantânio. O itérbio é empregado em lasers infravermelhos, reações químicas, baterias recarregáveis e fibras ópticas, enquanto o lantânio é utilizado em baterias, vidros especiais e no refino de petróleo.
Além disso, o país possui depósitos de titânio, que são utilizados em indústrias aeroespaciais, marítimas e médicas, bem como lítio, que é essencial para a fabricação de baterias. Também há reservas de urânio, utilizado em energia nuclear, equipamentos médicos e armamentos, além de grafite e manganês, ambos importantes para a produção de baterias em veículos elétricos. As reservas de grafite da Ucrânia representam 20% do total global.
Originalmente, os Estados Unidos e a Ucrânia tinham a intenção de estabelecer um Fundo de Investimento de Reconstrução, destinado a coletar e reinvestir receitas de fontes ucranianas, incluindo minerais e hidrocarbonetos. A Ucrânia se comprometeria a destinar 50% da receita, descontadas as despesas operacionais, até que o montante atinja 500 bilhões de dólares. Por sua parte, os Estados Unidos assumiriam um compromisso financeiro de longo prazo para fomentar uma “Ucrânia estável e economicamente próspera”.