24 abril 2025
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Um Americano Está Pronto para Revolucionar o Crédito no Brasil com a alt.bank

Aos 62 anos, Brad Liebmann, um americano que reside em Londres, tem o Brasil como seu segundo lar desde 2018. Neste ano, o empreendedor decidiu estabelecer sua fintech, chamada alt.bank, com um foco especial em atender clientes das classes C, D e E, que muitas vezes são trabalhadores informais e que não têm acesso a serviços bancários.

A alt.bank investiu significativamente no Novücard, um cartão de crédito que foi lançado no final de 2022. Este cartão se destaca por oferecer limites de crédito superiores à média do mercado para esse público. Com uma base de 87 mil clientes, a empresa agora visa expandir suas operações para o setor B2B. Para alcançar esse objetivo de forma mais eficiente, a fintech desenvolveu um motor de crédito interno, que também será disponibilizado para outras instituições financeiras e fintechs.

Liebmann expressou que essa nova oferta é crucial para a alt.bank, pois permitirá um alcance mais rápido a um número maior de pessoas. Ele mencionou que apenas outras duas empresas no mercado, Nubank e Itaú, oferecem algo similar ao que a alt.bank possui, destacando que estas são instituições consolidadas e não comercializam seu motor de crédito.

Enquanto o Nubank ganhou notoriedade com seu cartão de crédito chamado “roxinho”, a alt.bank aposta suas fichas no Guard, o sistema de crédito que suporta o Novücard, conhecido pelo seu design amarelo. Liebmann reconheceu que, embora a base de clientes da fintech seja pequena, ela serve como um laboratório para aprimorar o Guard, que passou por melhorias significativas nos últimos meses.

Testado há cerca de 30 meses, o Guard integra dados de birôs de crédito como Serasa Experian e Equifax, além de mais de dez fontes adicionais, incluindo informações sobre o histórico de pagamentos e comportamentos dos usuários. A partir dessa análise, a fintech consegue criar perfis de clientes com rendas semelhantes e ajustar limites de crédito com o auxílio de modelos de inteligência artificial e machine learning, tendo como diferencial o foco nas classes C, D e E.

Liebmann destaca que, embora Nubank e Itaú possuam motores de crédito eficientes, suas estratégias são mais voltadas para as classes A e B, enquanto o alt.bank busca oferecer um score que, para um perfil financeiro favorável, pode resultar em limites de crédito mais altos do que os oferecidos por essas grandes instituições.

Os resultados da operação mostram que a oferta de crédito para esse público tem sido saudável, com a alt.bank registrando nove trimestres consecutivos de queda na inadimplência, que atualmente está em torno de 4% para pagamentos acima de 90 dias. Além disso, a receita média mensal por cliente ativo do cartão gira em torno de US$ 11,74, comparando-se ao crescimento de 23% do Nubank, que alcançou US$ 10,70 no último trimestre de 2024.

A fintech, que obteve uma receita recorrente anual de US$ 8,4 milhões, cresceu 140% em sua receita e alcançou uma margem bruta de 53% em 2024. Desde o início do ano, a empresa já opera com geração de caixa positiva. Para continuar seu crescimento, a alt.bank já conta com dez emissores testando o Guard, incluindo uma empresa de médio porte do setor com um contrato a longo prazo.

Liebmann observou que o Nubank levou 12 anos para conquistar 13% de participação de mercado, enquanto a alt.bank acredita que pode atingir 50% indiretamente, fechando contratos com as empresas que estão testando o Guard. O fundador da fintech reconheceu que o mercado potencial inclui cerca de 60 milhões de consumidores com cartão de crédito e 90 milhões sem acesso ao produto, o que abre espaço para expansão.

Os planos da alt.bank envolvem a adaptação do Guard e a criação de ofertas para empresas que pretendem disponibilizar diferentes modalidades de crédito, incluindo empréstimos consignados e financiamento de veículos. Além disso, há uma estratégia de oferecer os serviços em formato white label para empresas que desejam ter um cartão de crédito com sua própria identidade.

Para financiar essa expansão, a alt.bank busca concluir uma rodada de financiamento Série B, almejando levantar entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões, tendo já conseguido um total de US$ 38 milhões com investidores. Uma parte significativa desses recursos foi investida diretamente por Liebmann, um veterano do mercado financeiro com uma carreira que começou em Wall Street e incluiu uma passagem pelo Lehman Brothers.

Em 2000, atraído pelo empreendedorismo, ele fundou a Simply Business na Inglaterra, que foi vendida em 2007 para a Travelers Insurance por US$ 480 milhões. Após essa venda, Liebmann se aposentou, mas logo se sentiu entediado e decidiu voltar ao mercado, com foco em oportunidades no setor de fintech e um forte propósito social.

Após analisar 26 países, ele reduziu suas opções a quatro: Indonésia, Filipinas, México e Brasil, sendo este último o que mais lhe atraiu, tanto pelo tamanho do mercado quanto pelas altas taxas de juros. Liebmann se deu conta de que havia uma oportunidade de causar um impacto real, especialmente junto a população informal que enfrenta dificuldades para acessar crédito.

Sete anos depois, Liebmann não se arrepende de sua decisão e, com visitas regulares ao Brasil, acumulou uma compreensão mais rica do país. Ele notou que, em geral, os americanos tendem a ver a América Latina de forma simplista, mas reconhece que o Brasil apresenta uma diversidade significativa.

Apesar de ainda estar aprimorando seu português, Liebmann vê boas perspectivas para integrar mais elementos locais na operação da alt.bank, incluindo a estrutura acionária da empresa. Ele observa a ausência de investidores brasileiros até o momento, uma vez que muitos já estão envolvidos com concorrentes no setor, mas espera que a nova rodada de investimentos traga essa participação.

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