Em abril de 2024, Ilson Bressan assumiu a posição de CEO da Valid com a promessa de implementar uma transição suave. A empresa, reconhecida pela emissão de documentos como RGs e CNHs, além da produção de cheques, cartões e SIM Cards, vinha passando por um processo de reestruturação de quatro anos sob a liderança de Ivan Murias. Bressan, que anteriormente ocupava a função de responsável por identificação digital, foi contratado neste período de transformação. O foco da reestruturação se expandiu para além dos negócios tradicionais, incluindo segmentos como governo digital e mobile.
Com quase um ano de liderança na empresa, a Valid divulgou em 12 de março o seu mais recente desempenho financeiro, revelando uma meta ambiciosa: dobrar a receita e as operações nos próximos cinco anos. O CEO destacou que as áreas de maior potencial de receita foram identificadas e que os novos negócios serão fundamentais para o crescimento futuro.
Os resultados financeiros de 2024 indicaram um avanço significativo em relação ao ano anterior. A receita gerada por três novas linhas de negócios atingiu R$ 216 milhões, um crescimento de 300% em comparação a 2023, e um aumento significativo em relação aos R$ 3 milhões de 2022. Essa performance ajudou a suavizar a queda na receita total, que foi de R$ 2,17 bilhões em 2024, em comparação a R$ 2,25 bilhões em 2023, devido à redução nos negócios tradicionais de mobilidade. Espera-se que essas novas frentes representem 15% da receita total em 2024 e que essa participação cresça para 25% em 2027 e cerca de 50% em 2030.
Bressan afirmou que o crescimento de R$ 216 milhões é uma das principais notícias do ano e que outras empresas no setor não estão apresentando um crescimento tão rápido. A competição é reconhecida, com referências a empresas como unico e idwall, além da Serasa Experian. Parte da estratégia para os próximos cinco anos envolve expandir a presença da Valid no setor privado, onde já se verifica que entre 70% e 75% da receita provém desse segmento.
Durante a fase de reestruturação, a Valid já implementou novos projetos, incluindo soluções no governo digital, como a criação de um cartão com chip e recursos de biometria, que visa facilitar o acesso a benefícios sociais. O foco atual está na ampliação das capacidades em torno dessas novas ofertas, visando criar uma plataforma para gerenciar de forma integral as transações digitais, desde o onboarding até a segurança e gestão de credenciais.
A empresa seguirá um modelo de crescimento orgânico para expandir seu portfólio e também planeja lançar tecnologias desenvolvidas para sua própria operação, que atualmente consomem significativos investimentos. Por exemplo, recursos direcionados à proteção de bases de dados, que servirão como produto de cibersegurança no futuro.
Além disso, há a intenção de voltar a realizar fusões e aquisições (M&As) para agregar capacidades rapidamente ao invés de desenvolver internamente. Já existe um pipeline de ativos em análise, e a busca por tecnologias em áreas como cibersegurança e assinatura digital está em andamento. As oportunidades no legado também são consideradas importantes, com a Valid continuando a gerar receita significativa por meio da emissão de documentos tradicionais como RGs e CNHs.
Os números financeiros apresentados mostram um panorama positivo para a Valid, com a geração de caixa operacional de R$ 425 milhões em 2024, representando 87,2% do Ebitda no mesmo período. A companhia encerrou o ano com R$ 770 milhões em caixa, após contabilizar uma dívida líquida de R$ 580 milhões, resultando em um caixa líquido de R$ 190 milhões. O lucro líquido registrado foi de R$ 381 milhões, um crescimento de 78,6% em relação ao ano anterior, marcando um recorde para a empresa.
Bressan comentou sobre a dualidade da missão da empresa: focar na solidificação das atuais forças e ao mesmo tempo investir em áreas com alto potencial de crescimento. A Valid, com um valor de mercado de R$ 2,15 bilhões, registrou uma valorização de 22,2% em suas ações no ano de 2025.
