O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, afirmou em um podcast nesta sexta-feira que nenhum dos mais de cem venezuelanos deportados pelos Estados Unidos para uma prisão em El Salvador faz parte da gangue criminosa Tren de Aragua, a justificativa utilizada por Washington para a deportação. Cabello declarou que obteve os nomes dos deportados por meio de fontes da mídia dos EUA e por informes próprios.
No dia 15 de abril, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, invocou uma legislação do século 18 para realizar a deportação rápida de pessoas que, segundo a Casa Branca, seriam integrantes da mencionada gangue venezuelana, considerada um grupo terrorista e uma ameaça estrangeira.
Mesmo com um juiz tendo suspendido a medida rapidamente, o governo de Trump conseguiu deportar mais de 200 venezuelanos — 137 sob a citada lei — para El Salvador, onde eles estão detidos em uma prisão de antiterrorismo por um período de um ano, com possibilidade de renovação. Familiares e advogados têm tentado obter informações sobre os deportados, que não têm conseguido contato com seus entes queridos, e estão exigindo seu retorno à Venezuela.
As autoridades venezuelanas alegam que a gangue Tren de Aragua foi eliminada em 2023 e que a noção de sua continuidade é baseada em declarações da oposição política. Cabello classificou a situação como uma “mentira enorme”, enfatizando que existem evidências disponíveis para sustentar sua afirmação. Ele também destacou que a recusa dos Estados Unidos em aceitar essa realidade é uma escolha do governo americano.
A gangue, que teve sua origem em uma prisão no estado de Aragua, na Venezuela, é acusada de diversas atividades criminosas, incluindo tráfico sexual e assassinatos por encomenda. Nas últimas décadas, a organização se expandiu para fora da Venezuela, inclusive nos Estados Unidos, em meio ao êxodo de migrantes venezuelanos, conforme relatórios de autoridades americanas.
O governo dos Estados Unidos tem até o dia 25 de março para apresentar uma resposta a um pedido judicial que solicita detalhes sobre as deportações. Um juiz americano também havia determinado que o avião que transportava os deportados retornasse ao ponto de origem. Cabello informou ainda que, dos 920 migrantes devolvidos em cinco voos desde fevereiro, apenas 16 estão com processos judiciais em curso na Venezuela.
