sexta-feira, janeiro 31, 2025
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Vice de Nunes critica muro na Cracolândia: “É irrelevante“

A Cracolândia tem se mostrado um grande desafio para a administração da Prefeitura de São Paulo. Durante a última eleição municipal, ocorrida em outubro de 2024, o tema foi central em quase todos os debates. Todos os cinco principais candidatos nas pesquisas apresentaram propostas relacionadas a essa questão. Naquele período, Ricardo Nunes, do MDB, que já ocupava o cargo de prefeito e venceu a eleição para um novo mandato, comentou sobre uma abordagem que integra diversas áreas, como segurança, saúde, assistência social e direitos humanos, para lidar com a situação na área central da cidade.

Na sua campanha de reeleição, Nunes também enfatizou a importância de colaborar com as forças de segurança estaduais para enfrentar o tráfico de drogas e a criminalidade. Recentemente, no entanto, a Prefeitura se viu no centro de uma polêmica envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF) devido à construção de um muro na Cracolândia. O partido PSOL acionou o STF, exigindo a retirada do muro num prazo de 24 horas, argumentando que tal construção era um ato de exclusão social e um ataque aos direitos fundamentais.

Ao responder ao STF, o prefeito Nunes defendeu que o muro era uma medida para prevenir acidentes, afirmando que não havia segregação da população em situação de rua. O vice-prefeito, coronel Mello Araújo, que também possui uma trajetória como policial militar, tem se dedicado intensamente à problemática da Cracolândia. Em sua conta no Instagram, ele compartilhou iniciativas de recuperação direcionadas a dependentes químicos, com várias postagens sobre ações realizadas no local. Ele mencionou que está observando os problemas existentes e buscando soluções.

Em uma conversa com a CNN, Mello Araújo classificou o muro como “insignificante”, ressaltando que ele já estava presente há mais de um ano e que, na prática, não impedia a movimentação das pessoas. O vice-prefeito destacou que seu trabalho na região inclui conversas constantes com a equipe médica, onde várias pessoas são persuadidas a iniciar tratamentos. Ele se compromete a visitar a Cracolândia frequentemente, reconhecendo que a situação é delicada e desafiadora.

Antes do segundo turno das eleições, Mello Araújo se manifestou a favor da internação compulsória de dependentes químicos, argumentando que, se tivesse um familiar nessa condição, desejaria que ele fosse tratado. Ele ressaltou, porém, que essa medida depende da concordância do Ministério Público e do Judiciário.

Além de seu foco na Cracolândia, o coronel enfatizou a intenção de abordar outras áreas problemáticas. Ele revelou que optou por não assumir uma secretaria específica para poder atuar em múltiplas frentes. Mello Araújo comentou sobre a tristeza das histórias que ouve, mas reconheceu que essas conversas são importantes para identificar falhas e aprimorar ações voltadas à prevenção e tratamento.

O objetivo de seu trabalho é incentivar os dependentes a aceitarem tratamento de reabilitação, buscando sua reintegração ao mercado de trabalho. Segundo dados do painel de monitoramento da Prefeitura, a média de dependentes químicos na Cracolândia varia de 159 pela manhã a 260 à tarde. A situação na região se agravou com a ocorrência de crimes, como lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, levando a operações policiais para desmantelar quadrilhas.

A gestão de Nunes já enfrentou algumas controvérsias referentes à Cracolândia. Ele expressou descontentamento com uma decisão judicial que proibia o uso de explosivos e balas de borracha pela Guarda Civil Metropolitana durante as operações na área. A partir de agosto de 2023, a guarda implementou rodízio no fluxo de dependentes, como forma de atender às demandas de comerciantes locais, uma colaboração com o governo estadual.

Em novembro de 2023, um novo deslocamento dos dependentes ocorreu, levando a conflitos com as forças policiais. O fluxo se redistribuiu pelas ruas da região, com a maior parte dos dependentes se concentrando entre as ruas dos Protestantes e dos Gusmões, que é onde a Cracolândia surgiu na década de 1990.

A Prefeitura relata que suas ações focam na saúde, acolhimento e reintegração social de pessoas em situação de vulnerabilidade. Nos dados divulgados, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução de 73,14% na média de pessoas na Cracolândia, atribuída ao reforço nas ações de saúde e segurança. Em 2024, um espaço destinado à saúde foi criado na Rua dos Protestantes para auxiliar o trabalho das equipes de atendimento.

Para lidar com ocupações temporárias ou recorrentes na cidade, a Prefeitura emprega 1.600 agentes que realizam abordagens ativas, oferecendo acolhimento e encaminhamentos para serviços de saúde, priorizando a assistência às pessoas em situação de rua.

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