31 março 2025
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Vice-presidente dos EUA visita Groenlândia diante de riscos de anexação por Trump

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e sua esposa, a segunda-dama Usha Vance, farão uma viagem à Groenlândia nesta sexta-feira (28), conforme anunciado pela Casa Branca. O objetivo da visita é conhecer uma base militar americana localizada na ilha. A princípio, a Casa Branca havia caracterizado a viagem de Usha como uma oportunidade para aprender mais sobre a cultura local, mas a situação rapidamente ganhou contornos mais tensos. O líder da Groenlândia, Múte Egede, qualificou a visita como “altamente agressiva”.

Recentemente, JD Vance decidiu se juntar à esposa após observar o crescimento da indignação em relação à sua viagem. Um alto funcionário da Casa Branca confirmou que sua participação se deu em parte pela reação negativa de líderes dinamarqueses, ressaltando que se eles estavam preocupados com a visita de Usha, seriam ainda mais ao perceber a presença do vice-presidente e sua equipe. Vance comentou que não queria que sua esposa ficasse sozinha e decidiu acompanhá-la, anunciando sua participação em um vídeo.

A decisão de Vance de se aventurar na visita à Groenlândia aumenta a importância da delegação dos EUA, uma vez que ele se tornará o mais alto oficial americano a visitar a região, indo mais ao norte do que qualquer outro líder americano em uma visita oficial. No entanto, o itinerário alterado pela abordagem mais militarista implica que a delegação americana estará isolada de quaisquer manifestações planejadas. A visita incluirá um tour pela base da Força Espacial dos EUA em Pituffik, localizada a 1.600 km da capital Nuuk, abandonando assim os planos iniciais de intercâmbio cultural.

Durante a visita, o vice-presidente deverá receber um relatório sobre como a Força Espacial tem contribuído para os interesses de segurança nacional dos EUA e se dirigir à imprensa. Sua primeira viagem internacional incluiu conferências na Europa, onde seu discurso sobre a região teve uma retórica dura, estimulada por textos oriundos de um bate-papo sobre ação militar no Iémen. Um funcionário da Casa Branca indicou que o vice-presidente abordaria o histórico de tratamento inadequado das autoridades dinamarquesas em relação ao povo groenlandês.

A visita à base militar faz parte dos interesses do governo americano na Groenlândia, considerando sua localização estratégica em uma região de crescente concorrência entre potências como Rússia e China. A escolha de evitar áreas povoadas para prevenir incidentes embaraçosos é evidente, uma vez que já havia protestos organizados em Nuuk e Sisimiut. Esses protestos foram impulsionados pela fala do ex-presidente Trump sobre anexação, levando a população a se unir em manifestação.

Dwayne Ryan Menezes, diretor de um think tank britânico, destacou que a oposição à visita foi uma resposta coletiva da população groenlandesa, temendo a representação distorcida de seu desejo de se unir aos EUA. Um funcionário da Casa Branca refutou que as alterações de itinerário tiveram relação com os protestos e argumentou que a mudança se deu por incompatibilidades de agenda, com a visita a Nuuk sendo impraticável devido à formação de um novo governo na Groenlândia.

A alteração dos planos também visa evitar uma possível tensão diplomática entre os EUA e a Dinamarca, que não convidou oficialmente Usha Vance, e destacou a delicadeza da situação política local. A decisão de ir até a base Espacial Pituffik foi considerada menos agressiva, pois é um local onde os groenlandeses estão habituados à presença americana. Desde que seu marido assumiu a vice-presidência, Usha Vance tem se mantido distantes das controvérsias políticas, com uma agenda focada em suas atividades como segunda-dama.

O convite para Usha Vance ir à Groenlândia inicialmente surgiu de um evento relacionado a corridas de trenós puxados por cães, sem um convite formal específico. Em Sisimiut, os moradores planeavam demonstrar sua desaprovação ao virar as costas para a comitiva. O sentimento predominante entre os groenlandeses era de alívio pela cancelamento da visita a Nuuk e Sisimiut, sendo considerada uma vitória para a população.

Autoridades americanas minimizam o impacto que os protestos poderiam ter na modificação do itinerário. Uma fonte próxima a JD Vance declarou que a intenção do vice-presidente de visitar a Groenlândia já existia anteriormente. O vice-presidente e a segunda-dama têm orgulho de visitar a Base Espacial Pituffik, enfatizando que a segurança da Groenlândia é fundamental para a segurança global.

O Consulado dos EUA em Nuuk não se manifestou a respeito, apenas redirecionou as perguntas ao gabinete do vice-presidente. Integrar a delegação estão o conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, o secretário de Energia Chris Wright, além do senador republicano Mike Lee, que apoia os interesses de Trump na ilha. A administração atual acredita que a fixação pela Groenlândia traz benefícios econômicos e contribuí para a segurança nacional, dado os recursos minerais da ilha e a importância estratégica frente à concorrência russa e chinesa, mesmo diante da recusa clara dos líderes groenlandeses e dinamarqueses em vender a ilha.

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