A Casa Branca tem demonstrado uma abordagem diferenciada em relação à Ucrânia. Nesta semana, o governo americano suspendeu silenciosamente as sanções de viagem aplicadas a um dos principais conselheiros de Vladimir Putin, permitindo que Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano russo, viajasse a Washington para negociações. Essa visita marca a primeira presença de um oficial russo na capital dos Estados Unidos desde a invasão da Ucrânia, ocorrida há três anos.
O cenário de tensões comerciais se intensifica com a imposição de tarifas severas a 185 países, enquanto o governo americano explora a possibilidade de um relacionamento comercial renovado com a Rússia. Ao mesmo tempo, a administração Trump tem se engajado em um confronto comercial com nações aliadas, sinalizando um possível desvio na política externa dos Estados Unidos. Além disso, houve críticas direcionadas ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, acusado de obstruir um acordo que, segundo Trump, facilitaria o acesso americano aos minerais raros da Ucrânia, o que apresenta termos considerados severos pelos analistas.
As exigências impostas no suposto “acordo” incluem um poder de veto dos EUA sobre a exploração de recursos ucranianos, além de condições que compeliriam o país a compensar as despesas americanas com assistência militar, que Trump elevou exorbitantemente. Tais requisitos são vistos como uma tentativa de exploração dos recursos ucranianos em meio ao conflito. Embora Trump afirme ter a intenção de acabar com a violência na Ucrânia, informações indicam que o secretário de Defesa não participará de uma importante reunião do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, uma situação inédita em três anos de conflito.
Neste contexto de negociações, as iniciativas de Trump para encerrar a guerra têm encontrado obstáculos significativos. Assentimentos supostamente alcançados, como a redução de ataques a infraestrutura e um cessar-fogo no Mar Negro, não se concretizaram. A reabertura do comércio e o acesso ao sistema financeiro global dependem da aceitação pelos aliados europeus, que demonstram ceticismo em relação às concessões feitas pelos Estados Unidos.
A decisão de suspender as sanções a Dmitriev é um reflexo desse novo direcionamento. Informações de fontes próximas ao Kremlin sugerem que a atual gestão americana está começando a se abrir para novas possibilidades de diálogo. Após uma crítica inusitada a Putin, que questionou a legitimidade de Zelensky, Trump também expressou a crença de que Putin deseja alcançar a paz. No entanto, a avaliação de especialistas aponta que Putin continua a manter seus objetivos de guerra inalterados, buscando assegurar o controle das regiões do leste da Ucrânia e minar as aspirações do país de se vincular ao Ocidente.
Além disso, as advertências de Putin sobre a necessidade de abordar as “causas raízes” da guerra, bem como a recente convocação de 160 mil soldados, ressaltam a intenção russa de prolongar o conflito. Autoridades militares dos EUA identificam a Rússia como uma “ameaça crônica”, disposta a utilizar a força militar para alcançar seus objetivos geopolíticos. As reações da Casa Branca sugere que, ou não compreendem as dinâmicas subjacentes das negociações de paz, ou, de forma mais sombria, estão dispostas a interagir com Putin independentemente das consequências.