Fundada em 2010, a Xiaomi se destacou no setor de tecnologia ao se posicionar como a “Apple da China”, oferecendo smartphones que replicavam características dos produtos da Apple, mas a preços mais acessíveis. Com a competitividade aumentando, inclusive entre concorrentes chineses, a empresa direcionou seu foco para os veículos elétricos, uma área na qual, curiosamente, a Apple não obteve sucesso.
Atualmente, a Xiaomi está buscando levantar até US$ 5,3 bilhões para apoiar sua expansão no setor de carros elétricos. Para isso, a companhia está realizando uma oferta de ações na Bolsa de Hong Kong, onde suas operações estão listadas. A proposta envolve a venda de 750 milhões de ações, com preços variando entre 52,80 e 54,60 dólares de Hong Kong cada, configurando um desconto de 4,2% a 7,4% em relação ao preço de fechamento de 57 dólares de Hong Kong em 24 de março.
Recentemente, foi reportado que a demanda por essas ações correspondeu ao volume ofertado, e essa movimentação ocorre três semanas após a BYD, outra gigante do setor, captar US$ 5,6 bilhões na mesma bolsa para sua expansão internacional. Essas iniciativas refletem a recuperação da bolsa asiática, com o índice Hang Seng apresentando ganhos próximos a 20% em 2025, atraindo investidores internacionais e posicionando-se entre os melhores desempenhos globais do ano.
Para apoiar sua nova estratégia, a Xiaomi tem investido pesadamente em seu segmento de veículos elétricos. Com sede em Pequim, a empresa anunciou planos para ampliar a capacidade de uma segunda fábrica dedicada à produção de carros elétricos na capital chinesa. Em seu balanço de 2024, a Xiaomi reportou uma receita anual de 365,9 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 50 bilhões), um crescimento de 35%, superando pela primeira vez a marca de 100 bilhões de yuans em um único quarto.
O desempenho dos veículos elétricos da Xiaomi, que foram lançados em 2024, foi um dos principais destaques, com a venda de 136.854 unidades nos primeiros nove meses no mercado, das quais 69,6 mil foram vendidas no último trimestre. A demanda pelo modelo SU7 Ultra, lançado no final de fevereiro, também foi significativa, levando a empresa a aumentar suas previsões de entrega para 350 mil unidades em 2025.
Os investidores demonstram confiança nessa nova direção. Em 2025, as ações da Xiaomi acumulam uma valorização de 65,4%, resultando em um valor de mercado de 1,43 trilhão de dólares de Hong Kong (cerca de US$ 184 bilhões). Esse crescimento contrasta com as tentativas frustradas da Apple no setor de veículos elétricos, quando, em fevereiro de 2024, a empresa decidiu encerrar seu projeto de carros autônomos após uma década de investimentos. O anúncio foi surpreendente para os cerca de 2 mil funcionários envolvidos, alguns dos quais foram realocados para a divisão de inteligência artificial da empresa, que representa outro foco estratégico da gigante da tecnologia.
