1 abril 2025
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Zambelli Sofre Reveses no STF e Eleva sua Controvérsia

Na tarde de 29 de outubro de 2022, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, um homem foi visto correndo pela esquina das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena, no bairro dos Jardins, em São Paulo, pedindo por ajuda. Acompanhada de seguranças armados, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) o perseguia, tendo discutido com ele minutos antes. A situação culminou em um bar, onde a deputada ordenou que o homem se deitasse no chão. Este incidente resultou em um processo no Supremo Tribunal Federal, que recentemente decidiu em maioria pelo cancelamento de seu mandato e por sua condenação à prisão. O episódio também resultou na perda de apoio no meio bolsonarista, que creditou essa ação ao resultado da eleição, vencida por Lula por uma margem de apenas 1,8 ponto percentual. Jair Bolsonaro reiterou na segunda-feira, dia 24, que a culpa pela derrota recaía sobre a ex-aliada. A condenação da parlamentar provavelmente extinguirá suas chances de retornar à liderança que uma vez ocupou, refletindo o abandono de figuras proeminentes no cenário político que apoiaram o ex-presidente.

A situação de Zambelli no processo no Supremo é considerada desafiadora. Seis ministros já votaram pela condenação, incluindo Cristiano Zanin e Dias Toffoli, que se juntaram aos que já haviam se manifestado contra ela, como Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e o relator, Gilmar Mendes. A Procuradoria-Geral da República a acusou de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, uma vez que, apesar de possuir licença para uso de arma, a utilização é proibida nas 48 horas que antecedem as eleições. Os votos até o momento sugerem uma pena de cinco anos e três meses em regime semiaberto, além da perda do cargo. A defesa argumenta que a deputada foi provocada e agredida antes da perseguição. No entanto, Gilmar Mendes destacou que não houve agressão física durante a discussão. Mendes enfatizou que o ato de uma deputada federal perseguir um civil desarmado em um momento tão sensível como a véspera das eleições representa uma gravidade significativa. A sentença será proferida após a devolução do processo por Nunes Marques, que possui um prazo de noventa dias para fazê-lo.

Além das complicações no STF, Zambelli também enfrentou um revés no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que decidiu por unanimidade pela manutenção da cassação de seu mandato, aplicada devido à divulgação de informações falsas sobre fraudes em urnas eletrônicas. A parlamentar ainda dispõe de um recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter esta situação. Enquanto o processo de recurso estiver ativo, Zambelli permanecerá em sua função legislativa.

Essas decisões se somam a uma série de controvérsias envolvendo a deputada. Um dos casos mais notórios foi a contratação do hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por seus vazamentos relacionados à Lava-Jato, para tentar comprovar a suposta falta de confiabilidade das urnas eletrônicas. A situação se complicou quando Delgatti invadiu o sistema do Conselho Nacional de Justiça e falsificou uma ordem de prisão contra um ministro do STF. Este episódio resultou em uma operação da Polícia Federal contra Zambelli, incluindo buscas em seu gabinete na Câmara dos Deputados.

Carla Zambelli, que ganhou notoriedade com a ascensão do bolsonarismo em 2018, obteve 946.244 votos na última eleição, superando Eduardo Bolsonaro em mais de 200.000 votos. Entretanto, o ex-presidente tem se distanciado dela e de outros aliados problemáticos que se envolveram em incidentes semelhantes. Afastados do discurso bolsonarista estão figuras como o ex-deputado Daniel Silveira, preso desde 2023 devido a ameaças à democracia, e Roberto Jefferson, preso em 2022 após ser encontrado com armamentos em sua residência.

Para analistas políticos, as ações de figuras como Zambelli refletem a percepção errônea de que a solidariedade do bolsonarismo será garantida, o que nem sempre se concretiza. Especialistas observam que a estratégia de Jair Bolsonaro é focada em preservar sua imagem, tendo demonstrado disposição para abandonar aliados quando necessário. O caso de Carla Zambelli, assim como o de Roberto Jefferson, serve como um exemplo das consequências indesejadas de suas ações.

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