O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, destacou a conversa que teve com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Vaticano, no mês passado, como a “melhor” até o momento. Durante essa reunião, os dois líderes abordaram as sanções dos EUA e a defesa aérea de Kiev. O encontro breve ocorreu à margem do funeral do papa Francisco em abril, num contexto crítico para a Ucrânia, dada a inquietação sobre a possível redução do apoio dos EUA a Kiev e o abandono das negociações de paz. Ambos os líderes classificaram as conversas como positivas, sendo o primeiro encontro cara a cara desde o problemático encontro no Salão Oval em fevereiro.
Zelensky afirmou que a discussão com Trump foi a mais significativa de todas as que ocorreram até agora. Segundo ele, mesmo sendo breve, foi a mais substancial. O presidente ucraniano não forneceu detalhes sobre as sanções, mas mencionou que os comentários de Trump a esse respeito foram “muito fortes”. Zelensky reafirmou seu interesse em fortalecer as defesas aéreas da Ucrânia e expressou seu desejo de adquirir armamentos americanos.
Ele ressaltou que discutiu as quantidades necessárias de armamentos com Trump, que prometeu que trabalhariam nesse tema. Ambos concordaram que um cessar-fogo de 30 dias seria um “primeiro passo correto”, comprometendo-se a avançar nessa direção. Na quarta-feira anterior, Washington e Kiev assinaram um importante acordo sobre minerais, que já era uma meta desde que Trump retornou à presidência em janeiro.
Zelensky considerou a reunião no Vaticano como um marco para facilitar o acordo, acreditando que conseguiu dissipar as alegações da Rússia sobre a disposição da Ucrânia em concordar com os EUA. Após o encontro, a percepção de Trump sobre a situação começou a mudar. O acordo estabelece a criação de um fundo de investimento conjunto entre os Estados Unidos e a Ucrânia, com a possibilidade de nova ajuda militar dos EUA, conforme informado pela ministra da Economia da Ucrânia.
Zelensky também criticou o cessar-fogo de três dias proposto por Putin no final do mês passado, enfatizando que estava disposto a assinar uma trégua mais longa. Em uma declaração, o presidente ucraniano afirmou estar pronto para avançar em direção a um cessar-fogo, desde que a Rússia estivesse disposta a adotar medidas semelhantes e cessar os ataques.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, comentou que a proposta russa era um teste da disposição da Ucrânia para buscar a paz, pedindo “declarações inequívocas e definitivas” de Kiev. As datas coincidem com as celebrações do Dia da Vitória da Rússia na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio, quando líderes internacionais se reúnem em Moscou para lembrar os 25 milhões de soldados e civis soviéticos que perderam a vida no conflito.
Zelensky deixou claro que a Ucrânia não garantirá uma atmosfera favorável que permita a saída de Putin do isolamento nesse dia. Ele transmitiu uma mensagem aos dignitários que viajarão à Rússia, ressaltando que Kiev não pode ser responsabilizada pelo que ocorrer dentro do território da Federação Russa em razão do conflito atual. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia interpretou essas declarações como uma ameaça.
