O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, será recebido neste sábado (1º) pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer, em Londres, um dia antes de uma cúpula europeia que visa reafirmar o suporte à Ucrânia após um conflito verbal ocorrido na Casa Branca entre Zelensky e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na véspera do encontro, Starmer expressou seu “apoio inabalável” a Zelensky, em resposta às ameaças de Trump de deixar o líder ucraniano “sozinho” caso não consiga estabelecer um acordo de paz com a Rússia. A Rússia, por sua vez, descreveu a visita de Zelensky a Washington como um “total fracasso político e diplomático”.
A reação de outros líderes europeus foi de contenção, com muitos expressando surpresa pelo intenso desentendimento presenciado durante a interação no Salão Oval, que culminou com Zelensky se retirando da Casa Branca sem assinar um acordo relacionado a minerais. A diplomacia alemã caracterizou o incidente como “inqualificável”, sugerindo que isso marca o início de uma nova era negativa nas relações internacionais. Para Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia, é evidente que o “mundo livre” necessita de novos líderes e que os europeus devem assumir essa responsabilidade.
Cerca de quinze líderes europeus estarão presentes no encontro em Londres, que terá como foco a segurança europeia e a situação na Ucrânia. Representantes da Otan, União Europeia, Ucrânia, além de países como França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Finlândia, Suécia, Dinamarca, República Tcheca, Polônia, Romênia e Turquia devem participar. O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, que também estará na cúpula, manteve conversas com seu colega russo, Sergei Lavrov, neste sábado, enfatizando o apoio da Turquia à integridade territorial da Ucrânia, conforme declarado por fontes diplomáticas em Ancara.
O escritório do primeiro-ministro britânico comunicou que a cúpula em Londres dará “continuidade” a um evento realizado em Paris em fevereiro, com foco no fortalecimento da posição da Ucrânia e na oferta de suporte militar contínuo, além de intensificar a pressão econômica sobre a Rússia. Os participantes também discutirão a importância do fortalecimento da capacidade de defesa da Europa, especialmente em face de possíveis mudanças na política militar dos Estados Unidos. O presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou disposição para discutir a possibilidade de uma futura dissuasão nuclear na Europa, após sugestões do novo líder do governo alemão, Friedrich Merz, que advoga uma preparação para cenários adversos.
A situação entre as lideranças globais gera preocupação na Ucrânia e na Europa, especialmente em função da aproximação entre Donald Trump e Vladimir Putin. Recentemente, Moscou e Washington iniciaram conversações bilaterais para buscar o fim do conflito, sem incluir a Ucrânia ou os países europeus nas discussões. As tensões subiram após a acalorada troca de palavras entre Zelensky e Trump na Casa Branca, onde Trump insinuou que Zelensky estava em uma posição desfavorável e sem poder de negociação, além de adverti-lo sobre os riscos de um conflito global.
Zelensky, em suas declarações posteriores, reconheceu que será “difícil” para a Ucrânia lidar com a invasão russa sem o apoio de Washington, mas manteve uma perspectiva otimista sobre a possibilidade de retomar um bom relacionamento com Trump. No entanto, ele rejeitou a ideia de pedir desculpas ao ex-presidente dos Estados Unidos, um requisito sugerido por um senador de seu partido.
Cidadãos de Kiev demonstraram reações variadas em relação ao seu presidente. Um atendente de 32 anos expressou sua admiração pela resiliência de Zelensky, afirmando: “Não nos decepcionou”. Em contrapartida, uma médica de 26 anos expressou preocupação sobre as potenciais consequências da situação atual, destacando a importância do apoio americano para a Ucrânia.